INCT-Aqua Ciência Jovem entrevista Dr. Guilherme Ferreira de Lima
Quando você decidiu que a química faria parte da sua vida para sempre?
Durante todo o colégio eu tive a certeza de que iria fazer direito, eu achava que era a maneira mais fácil de ter uma carreira bem sucedida. Quando estava terminando o ensino médio, parei para pensar quem era o Guilherme, e percebi que não tinha o perfil para cursar direito.
Como sempre gostei muito de ciências, decidi fazer algo relacionado com a área. Com o desenrolar das disciplinas do ensino médio, me identifiquei muito com a Química, achava extremamente interessante, aguçava minha curiosidade, logo minha escolha pela Química foi instintiva.
Como aconteceu a escolha pela vida acadêmica e de pesquisador? O que o motivou?
Como eu havia trabalhado durante toda a minha graduação fazendo iniciação científica, eu tinha um interesse natural pela pesquisa, foi genuíno dar continuidade à carreira como pesquisador. Fiz o mestrado e o doutorado direcionados ao meu sonho maior, virar professor universitário.
Durante a iniciação científica com o Professor Hélio, eu estudava algumas moléculas de interesse biológico por meio de química computacional. Com esse projeto eu percebi que muita coisa poderia ser realizada sem necessariamente ter que estar em um laboratório experimental. Era tão interessante porque eu vi que a área que escolhi trabalhar depende apenas da nossa capacidade criativa e não de recursos financeiros.
Por exemplo, se eu for pra um laboratório experimental eu posso ter uma ideia brilhante e não conseguir executá-la por falta de recursos. E na Química Teórica, se tivermos criatividade, talento e perguntas interessantes, conseguimos um bom resultado final com baixo custo.
Você acabou de receber duas premiações pela UFMG, sendo sua tese considerada a melhor na grande área de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias, e uma Menção Honrosa pelo Prêmio CAPES de Teses. Você imaginava que chegaria tão longe?
O sonho do meu pai era ter um filho fazendo faculdade. Quando eu era adolescente o estudo superior não era tão acessível como é hoje. Eu nunca imaginei que fosse fazer mestrado, doutorado, mas as coisas acabaram acontecendo de forma natural.
Quando eu fiz a opção por Química Computacional, eu sabia que era uma área que as pessoas não compreendem muito bem, e muitas vezes não enxergam todas as suas potencialidades. Então, quando o Professor Hélio propôs inscrever minha tese no prêmio UFMG, eu pensei que não tínhamos chance, o departamento de química da UFMG é muito bom, com ótimos trabalhos. Quando venci, fiquei surpreso e muito realizado. O prêmio da Capes levou 3 dias pra ficha cair, mas é uma realização profissional e pessoal, realmente um marco positivo na minha carreira.
Atualmente você é professor na Universidade Federal de Itajubá. Quais são os planos para o futuro?
Tenho o desejo de montar um grupo de pesquisas para desenvolver projetos na área de Química Computacional na Universidade e através dele e das minhas aulas, dar minha contribuição na formação dos alunos e no crescimento da Universidade.
Qual seu conselho para os futuros estudantes e pesquisadores que se interessam pela ciência?
O brasileiro é internacionalmente reconhecido como um povo criativo, conseguimos resolver problemas que no exterior teriam vários técnicos, com soluções simples. É muito importante que quando você decida fazer algo, entre de cabeça. Faça, mas faça correto. Mesmo que você se depare com dificuldades que pareçam ser insuperáveis, invista um tempo para parar, pensar e estudar, estudar muito, no intuito de desenvolver alternativas e conseguir elaborar formas viáveis pra resolver qualquer problema, seja na Química Experimental, Teórica ou em qualquer área.
Guilherme Ferreira de Lima
Doutor em Química pela Universidade Federal de Minas Gerais em 2013, Guilherme foi agraciado com o prêmio UFMG de Teses em Química (2013), o Grande Prêmio UFMG de Teses na área de Ciências Exatas e da Terra e Engenharias (2014). Também recebeu uma Menção Honrosa – Prêmio CAPES de Teses (2014), oferecido pela CAPES pelo trabalho: “Reatividade química da superfície da calcopirita e mecanismo de separação da mistura etanol-água em metal-organic frameworks”, orientado pelo Professor Hélio Anderson Duarte, pesquisador do INCT-Acqua.